terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O CORPO DE BOMBEIROS NA ROMA ANTIGA


A história dos Corpos de Bombeiros (devidamente organizados) remonta ao tempo em que as antigas cidades da Grécia e Roma estavam no apogeu de seu esplendor, isto vários séculos antes da Era Cristã: Lentamente estas organizações foram se desenvolvendo, melhorando e aperfeiçoando a técnica e organização, alcançando um alto grau de eficiência durante o primeiro século depois de Cristo na cidade de Roma. Nesta época a Metrópole Romana tinha um Corpo de Bombeiros que contava com sete mil membros, os quais lutavam contra as chamas usando métodos científicos e relativamente eficientes.
As modernas máquinas que hoje vemos avançar com rapidez assombrosa pela avenida das grandes cidades, e que são usadas pelas mais progressistas e eficientes organizações, são em realidade as edições ampliadas e melhoradas das máquinas chamadas SIFÕES, inventadas quatro séculos antes de Cristo por Ctesibius, engenhoso grego nascido em Alexandria e por outro não menos engenhoso Romano de nome Herón, que no ano 200 AC inventou um aparelho para a extinção de incêndios, cujas características essenciais foram usadas 2000 anos mais tarde.
Anteriormente a Ctesibius e a Herón, não se conhece nenhum aparelho, a não ser um método muito rústico feito de intestinos e estômagos de animais de grande porte. Os intestinos eram usados em forma de mangueiras, enquanto o estômago ou um saco de lona servia de tanque ou recipiente. Para operar-se, enchia-se de água o saco e o levava ao lugar do sinistro; os intestinos se estiravam até alcançar o foco de incêndio, o vários homens faziam pressão sobre o saco obrigando a água a passar através das mangueiras (intestinos) até o fogo. Esse método não parece ter dado bons resultados, já que toda a história quase não é mencionado.
Mais tarde apareceu a “Seringa”, que consistia num cilindro e um pistão para imprimir pressão. No extremo do cilindro se ajustava uma redução. Enchia-se o cilindro de água e fazia-se pressão com o pistão, obrigando assim a água a sair com relativa força. Esse tipo de extintor foi usado em Roma no ano - 300 AC, e ainda estava em uso na Inglaterra nos fins do século XII.
Em 1813, o Inglês George William Mamby observando um incêndio em Edimburgo, onde os bombeiros não conseguiram chegar com a
mangueira ao quinto andar a tempo de salvar o edifício, pensou no extintor
portátil. Consistia de um recipiente forte de cobre com 15 litros de capacidade, com uma válvula e uma mangueira atarrachada, entrando quase até ao fundo. Se colocavam no recipiente 12 litros de água e no espaço por cima se comprimia o ar com uma bomba; a válvula era então fechada e a bomba desligada. Quando a válvula era aberta, o ar comprimido ejetava a água num jacto. Como era bastante pesado, vinha numa caixa de couro com correias para pendurar aos ombros, e havia também um carro de mão com seis compartimentos para que o vigilante pudesse levar rapidamente para junto do fogo um fornecimento de extintores.
Manby vendeu várias centenas desses extintores, mas não conseguiu que fossem adotados. Por finais do século, surgiram os extintores químicos, em que a pressão do gás era produzida por dióxido de carbônio gerado quimicamente. Depois da última guerra, porém, entrou em uso um tipo de extintor de água por meio de CO a alta pressão num cartucho. O último tipo de extintor de água, do tipo «pressão contínua», é pressurizado com ar por meio de uma bomba, sendo assim um regresso não reconhecido ao extintor original de Manby.
As bombas inventadas por Herón em Roma e por Ctesibius na Grécia, tinham bastante em comum, e foram estas que deram base para o desenvolvimento de nossas modernas e eficientes máquinas. A bomba inventada por Herón consistia de dois pistões de bronze conectados a uma só saída. Os cilindros estavam ligados a uma base de madeira, a que se submergia na água. O artefato inventado por Ctesibius consistia de uma bomba de dupla ação operada manualmente, já que o próprio aparelho lançava um jato até o incêndio. Estas bombas se generalizaram na Grécia e em várias cidades do Império Romano no começo da Era Cristã.
São inúmeros os incêndios ocorridos em Roma nos tempos de Plínio. Creso chamado “O Rico”, obteve sua imensa e incalculável fortuna, dos incêndios e das guerras. Ele teve a idéia de comprar os edifícios quando estivessem ardendo, e aqueles adjacente que estivessem em perigo. Regularmente, comprava a preços baixos, aproveitando-se da ocasião, já que os donos vendiam a qualquer preço ante o temor de perder tudo. Aparentemente Creso tinha sua organização privada de bombeiros, que se ocupava de apagar o fogo e evitar que se estendesse. Mais tarde os edifícios eram reparados e vendidos; o produto destes negócios foram de tal magnitude, que Creso foi conhecido em todo o mundo, como o homem mais rico de todas as épocas.
Revisando a História, encontramos o primeiro Corpo de Bombeiros, cuja organização é acreditada e podemos chamá-lo como tal, tendo funcionado em Roma durante o primeiro século antes de Cristo. Foi organizado no ano XXII AC pelo Imperador Augusto Cézar e se compunha de 600 escravos, os quais se chamavam vigilantes. Este sistema de “escravos bombeiros” funcionou até o ano VI DC, quando Augusto reorganizou o Corpo de Bombeiros criando um Departamento melhor entrosado e organizado, mais a contento com as necessidades e o prestígio de uma grande cidade, que era a Capital do mundo para aquela época. Esta organização rendeu esplêndidos serviços até a derrocada do Império Romano (476 DC).
          A nova organização criada pelo Imperador Augusto estava composta de 10.000 bombeiros (escravos libertos ou cidadãos livres), com equipamento adequado e suficiente. Ainda que continuassem sendo chamados de vigilantes eram membros de uma organização semi-militar, com divisões e subdivisões, iguais aquelas do exército Romano, estando cada divisão e cargo de uma demarcação ou zona específica. Este Corpo de Bombeiros estava dividido em 10 (dez) Seções urbanas; sendo que, cada uma destas, também controlava e era responsável pela segurança dos distritos semi-urbanos nos quais a cidade estava dividida.
Primeiramente, os quartéis eram estabelecidos em residências privadas, porém, mais tarde foram construídos edifícios próprios os quais podiam-se descrever como palácios, pelo luxo, comodidade e tamanho. Cada seção urbana era dotada de dois sifões, escadas, escovas de metal e vários petrechos. O salvamento e proteção da propriedade se levava a cabo, cobrindo a mesma com mantas chamadas “formiones”, já que, sendo impermeáveis evitavam danos pela água. Contavam com machadinhas, conhecidas naquela época com o nome de “dolobrae”. Os paraquedas, muito parecidos com os de hoje, também se encontravam entre os equipamentos, e eram conhecidos com o nome de “cantones”. As escadas eram chamadas de “scalar”. Outro tipo de equipamento já em uso naquela época era o arpão, conhecido como “perticae”.
O pessoal do Corpo de Bombeiros organizado pelo Imperador Augusto César tinham postos hierárquicos, incluindo um prefeito, um subprefeito, dez tribunos, cem centuriões, cem “vexillaru”, e um número indeterminado de bombeiros de distintas classificações denominadas: “aquaru”,
siphonaru”, “uncanaru”. Estas indicavam o travalho no local de incêndio. O
Prefeito tinha o comando de todo o Corpo, tal como ocorre hoje com o
Comandante Geral e, para isto, era selecionado pelo Imperador dentre a Aristocracia Romana. Os demais cargos correspondiam aos demais postos dos modernos Corpos de Bombeiros. Os “Siphonaru” eram os responsáveis pelo manejo das máquinas e pistões, enquanto os “acquaru” eram os bombeiros encarregados do suprimento de água aos sifões. Pode-se observar que os cargos de tão longínqua época correspondem aos dos exércitos romanos (prefeitos, tribunos, centuriões, etc.), costume existente em nossos dias com os nomes de Capitães, Tenentes, Sargentos, Cabos, etc...
Os bombeiros Romanos tinham ordenado e uma pensão ao retirarem-se após terem servido por 26 anos. O prefeito tinha poderes de juiz para julgar qualquer assunto relacionado a incêndios. Se alguém obstruía o livre trânsito das máquinas e equipamentos, o prefeito podia ordenar sua prisão e indiciá-lo em juízo imediatamente. Açoitar o infrator era castigo corrente nestes casos, dependendo o número destes, da intensidade e importância do incêndio. Os bombeiros eram uma combinação de bombeiros e policiais e levavam os petrechos destinados a castigar aqueles que perturbavam seus trabalhos. Entre os antigos Comandantes ou Prefeitos de maior renome durante este glorioso período, figura o Prefeito Êneas Cyrenus.
O historiador Plínio faz ressaltar a falta de equipamento nas cidades de menos importância durante o primeiro século da Era Cristã. É difícil determinar quantas cidades seguiram o exemplo dado por Roma, assim como também é difícil assinalar quantas cidades desapareceram vítimas das chamas durante as invasões nórdicas.

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