A história dos Corpos de
Bombeiros (devidamente organizados) remonta ao tempo em que as
antigas cidades da Grécia e Roma estavam no apogeu de seu esplendor,
isto vários séculos antes da Era Cristã: Lentamente estas
organizações foram se desenvolvendo, melhorando e aperfeiçoando a
técnica e organização, alcançando um alto grau de eficiência
durante o primeiro século depois de Cristo na cidade de Roma. Nesta
época a Metrópole Romana tinha um Corpo de Bombeiros que contava
com sete mil membros, os quais lutavam contra as chamas usando
métodos científicos e relativamente eficientes.
As modernas máquinas que hoje
vemos avançar com rapidez assombrosa pela avenida das grandes
cidades, e que são usadas pelas mais progressistas e eficientes
organizações, são em realidade as edições ampliadas e melhoradas
das máquinas chamadas SIFÕES, inventadas quatro séculos antes de
Cristo por Ctesibius, engenhoso grego nascido em Alexandria e por
outro não menos engenhoso Romano de nome Herón, que no ano 200 AC
inventou um aparelho para a extinção de incêndios, cujas
características essenciais foram usadas 2000 anos mais tarde.
Anteriormente a Ctesibius e a
Herón, não se conhece nenhum aparelho, a não ser um método muito
rústico feito de intestinos e estômagos de animais de grande porte.
Os intestinos eram usados em forma de mangueiras, enquanto o estômago
ou um saco de lona servia de tanque ou recipiente. Para operar-se,
enchia-se de água o saco e o levava ao lugar do sinistro; os
intestinos se estiravam até alcançar o foco de incêndio, o vários
homens faziam pressão sobre o saco obrigando a água a passar
através das mangueiras (intestinos) até o fogo. Esse método não
parece ter dado bons resultados, já que toda a história quase não
é mencionado.
Mais tarde apareceu a
“Seringa”, que consistia num cilindro e um pistão para imprimir
pressão. No extremo do cilindro se ajustava uma redução. Enchia-se
o cilindro de água e fazia-se pressão com o pistão, obrigando
assim a água a sair com relativa força. Esse tipo de extintor foi
usado em Roma no ano - 300 AC, e ainda estava em uso na Inglaterra
nos fins do século XII.
Em 1813, o Inglês George
William Mamby observando um incêndio em Edimburgo, onde os bombeiros
não conseguiram chegar com a
mangueira ao quinto andar a
tempo de salvar o edifício, pensou no extintor
portátil. Consistia de um
recipiente forte de cobre com 15 litros de capacidade, com uma
válvula e uma mangueira atarrachada, entrando quase até ao fundo.
Se colocavam no recipiente 12 litros de água e no espaço por cima
se comprimia o ar com uma bomba; a válvula era então fechada e a
bomba desligada. Quando a válvula era aberta, o ar comprimido
ejetava a água num jacto. Como era bastante pesado, vinha numa caixa
de couro com correias para pendurar aos ombros, e havia também um
carro de mão com seis compartimentos para que o vigilante pudesse
levar rapidamente para junto do fogo um fornecimento de extintores.
Manby vendeu várias centenas
desses extintores, mas não conseguiu que fossem adotados. Por finais
do século, surgiram os extintores químicos, em que a pressão do
gás era produzida por dióxido de carbônio gerado quimicamente.
Depois da última guerra, porém, entrou em uso um tipo de extintor
de água por meio de CO
a alta pressão num cartucho. O
último tipo de extintor de água, do tipo «pressão contínua», é
pressurizado com ar por meio de uma bomba, sendo assim um regresso
não reconhecido ao extintor original de Manby.
As bombas inventadas por Herón
em Roma e por Ctesibius na Grécia, tinham bastante em comum, e foram
estas que deram base para o desenvolvimento de nossas modernas e
eficientes máquinas. A bomba inventada por Herón consistia de dois
pistões de bronze conectados a uma só saída. Os cilindros estavam
ligados a uma base de madeira, a que se submergia na água. O
artefato inventado por Ctesibius consistia de uma bomba de dupla ação
operada manualmente, já que o próprio aparelho lançava um jato até
o incêndio. Estas bombas se generalizaram na Grécia e em várias
cidades do Império Romano no começo da Era Cristã.
São inúmeros os incêndios
ocorridos em Roma nos tempos de Plínio. Creso chamado “O Rico”,
obteve sua imensa e incalculável fortuna, dos incêndios e das
guerras. Ele teve a idéia de comprar os edifícios quando estivessem
ardendo, e aqueles adjacente que estivessem em perigo. Regularmente,
comprava a preços baixos, aproveitando-se da ocasião, já que os
donos vendiam a qualquer preço ante o temor de perder tudo.
Aparentemente Creso tinha sua organização privada de bombeiros, que
se ocupava de apagar o fogo e evitar que se estendesse. Mais tarde os
edifícios eram reparados e vendidos; o produto destes negócios
foram de tal magnitude, que Creso foi conhecido em todo o mundo, como
o homem mais rico de todas as épocas.
Revisando a História,
encontramos o primeiro Corpo de Bombeiros, cuja organização é
acreditada e podemos chamá-lo como tal, tendo funcionado em Roma
durante o primeiro século antes de Cristo. Foi organizado no ano
XXII AC pelo Imperador Augusto Cézar e se compunha de 600 escravos,
os quais se chamavam vigilantes. Este sistema de “escravos
bombeiros” funcionou até o ano VI DC, quando Augusto reorganizou o
Corpo de Bombeiros criando um Departamento melhor entrosado e
organizado, mais a contento com as necessidades e o prestígio de
uma grande cidade, que era a Capital do mundo para aquela época.
Esta organização rendeu esplêndidos serviços até a derrocada do
Império Romano (476 DC).
A nova organização criada
pelo Imperador Augusto estava composta de 10.000 bombeiros (escravos
libertos ou cidadãos livres), com equipamento adequado e suficiente.
Ainda que continuassem sendo chamados de vigilantes eram membros de
uma organização semi-militar, com divisões e subdivisões, iguais
aquelas do exército Romano, estando cada divisão e cargo de uma
demarcação ou zona específica. Este Corpo de Bombeiros estava
dividido em 10 (dez) Seções urbanas; sendo que, cada uma destas,
também controlava e era responsável pela segurança dos distritos
semi-urbanos nos quais a cidade estava dividida.
Primeiramente, os quartéis
eram estabelecidos em residências privadas, porém, mais tarde foram
construídos edifícios próprios os quais podiam-se descrever como
palácios, pelo luxo, comodidade e tamanho. Cada seção urbana era
dotada de dois sifões, escadas, escovas de metal e vários
petrechos. O salvamento e proteção da propriedade se levava a cabo,
cobrindo a mesma com mantas chamadas “formiones”, já que, sendo
impermeáveis evitavam danos pela água. Contavam com machadinhas,
conhecidas naquela época com o nome de “dolobrae”. Os
paraquedas, muito parecidos com os de hoje, também se encontravam
entre os equipamentos, e eram conhecidos com o nome de “cantones”.
As escadas eram chamadas de “scalar”. Outro tipo de equipamento
já em uso naquela época era o arpão, conhecido como “perticae”.
O pessoal do Corpo de Bombeiros
organizado pelo Imperador Augusto César tinham postos hierárquicos,
incluindo um prefeito, um subprefeito, dez tribunos, cem centuriões,
cem “vexillaru”, e um número indeterminado de bombeiros de
distintas classificações denominadas: “aquaru”,
siphonaru”, “uncanaru”.
Estas indicavam o travalho no local de incêndio. O
Prefeito tinha o comando de todo
o Corpo, tal como ocorre hoje com o
Comandante Geral e, para isto,
era selecionado pelo Imperador dentre a Aristocracia Romana. Os
demais cargos correspondiam aos demais postos dos modernos Corpos de
Bombeiros. Os “Siphonaru” eram os responsáveis pelo manejo das
máquinas e pistões, enquanto os “acquaru” eram os bombeiros
encarregados do suprimento de água aos sifões. Pode-se observar que
os cargos de tão longínqua época correspondem aos dos exércitos
romanos (prefeitos, tribunos, centuriões, etc.), costume existente
em nossos dias com os nomes de Capitães, Tenentes, Sargentos, Cabos,
etc...
Os bombeiros Romanos tinham
ordenado e uma pensão ao retirarem-se após terem servido por 26
anos. O prefeito tinha poderes de juiz para julgar qualquer assunto
relacionado a incêndios. Se alguém obstruía o livre trânsito das
máquinas e equipamentos, o prefeito podia ordenar sua prisão e
indiciá-lo em juízo imediatamente. Açoitar o infrator era castigo
corrente nestes casos, dependendo o número destes, da intensidade e
importância do incêndio. Os bombeiros eram uma combinação de
bombeiros e policiais e levavam os petrechos destinados a castigar
aqueles que perturbavam seus trabalhos. Entre os antigos Comandantes
ou Prefeitos de maior renome durante este glorioso período, figura o
Prefeito Êneas Cyrenus.
O historiador Plínio faz
ressaltar a falta de equipamento nas cidades de menos importância
durante o primeiro século da Era Cristã. É difícil determinar
quantas cidades seguiram o exemplo dado por Roma, assim como também
é difícil assinalar quantas cidades desapareceram vítimas das
chamas durante as invasões nórdicas.