Descrição
histórica da Imagem de Nossa Senhora Aparecida
A Imagem de Nossa
Senhora da Conceição Aparecida, foi encontrada no rio Paraíba na
segunda quinzena de outubro de 1717, é de terracota, isto é, argila
que, depois de modelada, é cozida em forno apropriado, medindo 40
centímetros de altura.
Hipoteticamente, ela
teria, originalmente, uma policromia, como era costume na época, mas
não há documentos que comprovem. Quando foi pescada, o corpo estava
separado da cabeça e, muito provavelmente, sem a policromia
original, devido aos anos em que esteve mergulhada nas águas e no
lodo do rio.
A cor acanelada com
que, hoje, é conhecida ,deve-se ao fato de ter sido exposta, durante
anos, ao picumã das chamas das velas e dos candeeiros. Seu estilo é
seiscentista, como atestam alguns especialistas que a estudaram.
Entre os que
confirmam ser a Imagem do Século XVII estão o Dr. Pedro de Oliveira
Ribeiro Neto, os monges beneditinos do mosteiro de São Salvador, na
Bahia, Dom Clemente da Silva Nigra e Dom Paulo Lachenmayer.
Finalmente, em 1978,
após o atentado que a reduzira em quase duzentos fragmentos, foi
encaminhada ao Prof. Pietro Maria Bardi – na época diretor do
Museu de Arte de São Paulo – que a examinou, juntamente com o Dr.
João Marinho, colecionador de imagens brasileiras.
Foi totalmente
reconstituída pela artista plástica Maria Helena Chartuni, na
época, restauradora do Museu de Arte de São Paulo. Ainda conforme
estudos dos peritos mencionados, a Imagem foi moldada com argila
paulista, da região de Santana do Parnaíba, situada na Grande São
Paulo.
O mais difícil foi
determinar o autor da pequena imagem, pois não está assinada ou
datada. Assim, após um estudo comparativo, os peritos chegaram à
conclusão de que se tratava de um escultor, discípulo do monge
beneditino Frei Agostinho da Piedade, e também seu colega de Ordem,
Frei Agostinho de Jesus.
Caracterizam seu
estilo: forma sorridente dos lábios, queixo encastoado, tendo, no
centro, uma covinha; penteado, flores em relevo, nos cabelos, broche
de três pérolas na testa e porte empinado para trás.
Todos estes detalhes
se encontram na Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e,
por isso, concluíram os peritos, Dom Clemenente da Silva Nigra e Dom
Paulo Lachenmayer, que a Imagem foi esculpida pelo monge beneditino
Frei Agostinho de Jesus.
Coroa e Manto
A partir de 8 de
setembro de 1904, quando foi coroada, a imagem passou a usar,
oficialmente, a coroa ofertada pela Princesa Isabel, em 1884, bem
como o manto azul-marinho.
Nossa Senhora da
Imaculada Conceição Aparecida
A história de Nossa
Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de
1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D.Pedro de
Almeida e Portugal , Governador da Província de São Paulo e Minas
Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila
Rica, hoje cidade de Ouro Preto - MG.
Convocado pela
Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe
Pedroso e João Alves saíram a procura de peixes no Rio Paraíba.
Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem
sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu.
João Alves lançou
a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da
Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a
cabeça da mesma imagem. Daí em diante os peixes chegaram em
abundância para os três humildes pescadores.
Durante 15 anos
seguidos, a imagem ficou com a família de Felipe Pedroso, que a
levou para casa, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para
rezar. A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças
foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem.
A fama dos poderes
extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do
Brasil. A família construiu um oratório, que logo tornou-se
pequeno. Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu
uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação
pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava,
e, em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual
Basílica Velha).
No ano de 1894,
chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos
Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos
romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a
Senhora "Aparecida" das águas.
A 8 de setembro de
1904, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada,
solenemente, por D. José Camargo Barros. No dia 29 de Abril de 1908,
a igreja recebeu o título de Basílica Menor.
Vinte anos depois, a
17 de dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja no
alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município. E, em 1929, nossa
Senhora foi proclamada RAINHA DO BRASIL E SUA PADROEIRA OFICIAL, por
determinação do Papa Pio XI.
Com o passar do
tempo, a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi
crescendo e o número de romeiros foi aumentando cada vez mais. A
primeira Basílica tornou-se pequena.
Era necessário a
construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos
romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos
Senhores Bispos, teve início em 11 de Novembro de 1955 a construção
de uma outra igreja, atual Basílica Nova.
Em 1980, ainda em
construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o
título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de
Aparecida:Santuário Nacional; "maior Santuário Mariano do
mundo".
O Padre Francisco da
Silveira, que escreveu a crônica de uma Missão realizada em
Aparecida em 1748, qualificou a imagem da Virgem Aparecida como
“famosa pelos muitos milagres realizados”. E acrescentava que
numerosos eram os peregrinos que vinham de longas distâncias para
agradecer os favores recebidos. Mencionamos aqui três grandes
prodígios ocorridos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
O primeiro prodígio,
sem dúvida alguma, foi a pesca abundante que se seguiu ao encontro
da imagem. Não há outras referências sobre o fato a não ser
aquela da narrativa do achado da imagem: “E, continuando a
pescaria, não tendo até então pego peixe algum, dali por diante
foi tão abundante a pesca, que receosos de naufragarem pelo muito
peixe que tinham nas canoas, os pescadores se retiraram as suas
casas, admirados com o que ocorrera.”
Entretanto, o mais
simbólico e rico de significativo, sem dúvida, foi o milagre das
velas pela sua íntima relação com a fé. Aconteceu no primitivo
oratório do Itaguaçu, quando o povo se encontrava em oração
diante da imagem.
Numa noite, durante
a reza do terço, as velas apagaram-se repentinamente e sem motivo,
pois não ventava na ocasião. Houve espanto entre os devotos e,
quando Silvana da Rocha procurou acendê-las novamente, elas se
acenderam por si, prodigiosamente.
Significativo também
é o prodígio das correntes que se soltaram das mãos de um escravo,
quando este implorava a proteção da Senhora Aparecida. Existem
muitas versões orais sobre o fato. Algumas são ricas em pormenores.
O primeiro a mencioná-lo por escrito foi o Padre Claro Francisco de
Vasconcelos, em 1828.
A pesca milagrosa
A Câmara
Administrativa de Guaratinguetá decidiu e pronto. A época não era
favorável à pescaria mas os pescadores que se virassem. O Conde
tinha que provar do peixe do rio Paraíba.
E a convocação foi
lida em toda a redondeza. João Alves, Domingos Garcia e Felipe
Pedroso, moradores de Itaguaçu, pegaram seus barcos, suas redes e se
lançaram na difícil tarefa. Remaram a noite toda sem nada pescar.
No Porto de
Itaguaçu, lançaram mais uma vez as redes. João Alves sentiu que a
sua rede pesava. Serão peixes? Puxou-a. Não. Não eram peixes. Era
o corpo de uma imagem. Mas ... e a cabeça, onde estava? Guardou o
achado no fundo do barco. Continuaram tentando achar peixes.
De repente, na rede
do mesmo pescador, uma cabeça enegrecida de imagem. João Alves
pegou o corpo do fundo do barco e aproximou-o da cabeça. Justinhos.
Aquilo só podia ser milagre. Benzeram-se e enrolaram os pedaços num
pano. Continuaram a pescaria. Agora os peixes sabiam direitinho o
endereço de suas redes. E foram tantos que temeram pela fragilidade
dos barcos...
O milagre das velas
Depois que chegaram
da pescaria onde encontraram a Senhora, Felipe Pedroso levou a imagem
para sua casa conservando-a durante 5 anos.
Quando de sua
mudança para o bairro da Ponte Alta deu a imagem a seu filho
Athanásio Pedroso que morava no Porto de Itaguaçu bem perto de onde
seu pai Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia haviam
encontrado a imagem.
Athanásio fez um
altar de madeira e colocou a Imagem Milagrosa da Senhora Aparecida.
Aos sábados seus vizinhos se reuniam para rezar um terço em sua
devoção. Em certa ocasião, ao rezar o terço, 2 velas se apagaram
no altar de Nossa Senhora, o que era muito estranho, pois aquela
noite estava muito calma e não havia motivo para o acontecimento.
Silvana da Rocha,
que no dia acompanhava o terço, quiz acender as velas, porém, as
mesmas se acenderam sem que ninguém as tocasse, como um perfeito
milagre. Desta data em diante a Imagem Milagrosa de Nossa Senhora
Aparecida deixou de pertencer à família de Felipe Pedroso para
ficar pertencendo a todos nós, devotos da Santa Milagrosa.
Romeiros de Nossa
Senhora Aparecida
Dos milhões de
romeiros que visitam o Santuário Nacional de Aparecida, muitos são
portadores de angústia, outros tantos, da esperança. Esperança de
cura, de emprego, de melhores dias, de paz.
Eles chegam de
ônibus, de carro, de trem (em tempo passado), de moto, de bicicleta,
a cavalo e a pé. São pobres e ricos; são cultos e ignorantes; são
homens públicos e cidadãos comuns. Aqui estiveram o Papa,
príncipes, princesas, presidentes, poetas, padres, bispos, prioras,
patrões e empregados. Vieram os pescadores.
Muitos cumprem um
ritual que começou com seus avós e persiste até hoje. Outros vêm
pela primeira vez. Ficam perplexos diante do tamanho do Santuário e
de sua beleza. A Imagem os extasia.
A fé traz o romeiro
a Aparecida leva-o a comportamentos de pincéis famosos, câmaras e
versos imortais. Olhos que buscam, vasculham ou se fecham para ler as
mensagens secretas que trazem na alma. Lábios que balbuciam
ave-marias, atropeladas pela pressa das muitas intenções.
Mãos que seguram as
contas do rosário, a vela, o retrato, as flores, o chapéu. Joelho
que se dobram e se arrastam, em atitude de total despojamento. Pés
cansados pela procura de suas certezas. Coração nas mãos em forma
de oferenda. Na alma, profundo senso do sagrado.
O chão que pisam, a
porta que transpõem, as pessoas que aqui residem, tudo tem para eles
significado transcendente. Este é o romeiro de Nossa Senhora
Aparecida. Alma pura, simples, do devoto que acredita, que se entrega
à proteção dos céus, sem dúvidas ou restrições.
Consagração 50
Anos
Ela teve início dia
31 de maio de 1955, uma terça-feira.
Começou assim:
O Padre Laurindo
Häuber, redentorista que trabalhava na Rádio Aparecida, teve uma
idéia: Comprou um livro, que chamou de Livro de Ouro, e disse na
Rádio que quem quisesse consagrar-se a Nossa Senhora Aparecida, era
só escrever para a Rádio que ele anunciava o nome, às 15 horas, e
lia a oração da Consagração. Ele ia fazer isso na 3ª, na 5ª e
no sábado.
E Padre Laurindo
começou então esse programa. Como que ele fazia:
Lia os nomes, dava
uma pequena mensagem, lia a oração da Consagração que estava no
Manual do Devoto, um livrinho de orações editado pela Editora
Santuário em 1904, e em seguida dava a bênção.
Meses depois, o
número de nomes enviados aumentou tanto que ele parou de lê-los,
deixando de lado o Livro de Ouro. Dali para frente, todos os ouvintes
da Consagração passaram a ser consagrados a Nossa Senhora. E assim
a Consagração a Nossa Senhora Aparecida adquiriu a mesma forma de
celebração e o mesmo feitio que tem hoje.
Inclusive a música
de abertura, Roga por nós ó Mãe tão Pia, foi escolhida pelo Padre
Laurindo. Um ano depois, em 1956, o Padre Laurindo foi transferido
para São Paulo, a fim de trabalhar na Rádio Nove de Julho. Os
padres Vítor Coelho de Almeida e Rubem Leme Galvão continuaram
fazendo a Consagração. Agora, a semana toda: O Padre Vítor Coelho
fazia na 3ª, na 5ª e no sábado, e o Padre Galvão fazia na 2ª, na
4ª e na 6ª feira.
No ano seguinte, o
Padre Vítor Coelho assumiu sozinho a Consagração e passou a
fazê-la não mais no estúdio da Rádio, mas no Altar Mor da
Basílica. Ela deixou então de ser um simples programa de rádio e
se tornou uma celebração paralitúrgica no Santuário Nacional de
Nossa Senhora Aparecida, como a Hora Mariana, a Novena Perpétua etc.
Padre Vítor a fez
durante 31 anos, até a véspera de sua morte, que aconteceu dia 21
de julho de 1987. Em 1988, o Padre César Moreira, então Diretor da
Rádio Aparecida, determinou que a Consagração fosse feita também
aos Domingos. Após o falecimento do Padre Vítor Coelho, o Padre
Alberto Pasquoto assumiu a Consagração, e a fez até o início de
1989.
Em 1989, o Padre
Agostinho Frasson a assumiu e fez até 1991. Nos anos 1992 e 1993,
quem dirigiu a Consagração foi o Padre Afonso Paschote. Em 1994, o
Padre Frasson a assumiu novamente e a fez até 1996. O Padre Antônio
Queiroz a assumiu dia 11/01/97, um sábado, sendo que nos seus dias
de folga quem fazia era o Padre Silvério Negri. Após o falecimento
do Padre Negri, ocorrido dia 28/08/03, nos dias de folga do Padre
Queiroz a Consagração entra na escala normal dos trabalhos
pastorais da Basílica.
Pe. Antonio Queiroz
dos Santos, C.Ss.R.
Fonte:
http://www.santuarionacional.com